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terça-feira, junho 5

Passei primeiro por Roterdão II


(...)
Aproximava-se a hora de embarque, antes de subir ao balcão, de acesso ao avião, fiz um primeiro telefonema, aos meus companheiros de equipa, estamos todos na equipa da Universidade do Algarve, liguei para o Pedro, a fim de saber, em que situação geográfica se encontravam, limar pormenores, ficamos de nos encontrarmos em Bruxelas.
As escadas rolantes pareciam pouco arrojadas, por isso subi as escadas não rolantes, usando toda energia ganha durante o passeio que dei pela manhã, o sol ainda estava redondo, quente, radiante, olhei, através das vidraças, para a praia da ilha de Faro, estupendo, o sol já se punha, o céu, pintava cores de várias tonalidades, o laranja era quem mais reinava, quase romântico, antes do embarque, fiz uma ultima chamada pelo telemóvel, para a minha então menina, depois de calorosa conversa de namorico ao telefone, sentia-me calmo, amado, seguro e confiante.
A viagem, foi tudo menos entusiasmante, sentei-me, tinha uma cadeira vazia de permeio, depois um velho holandês, que pouco ou nada acrescentava, não foi por falta de esforço, talvez falta de timing, que pouco comunicamos, fui lendo o meu livro, não jantei, estava ainda com o bife de vitela, que me preparei, antes de sair de casa.
Chegado ao aeroporto de Roterdão, o clima em redor dos meus desconhecidos, companheiros de viagem, estava pouco contente, triste até, os estrangeiros pareciam deprimidos, ao ter de trocar o Algarve pelo sol de Roterdão, eu não, eu não me deixei afectar, eu estava de fora neste quadro, logo que uma velhota holandesa que se encontrava ao meu lado, esperando a bagagem, de cara redonda, com as maçãs do rosto avermelhadas, se inclinou, para apanhar a sua mala, vinda pelo tapete rolante, esta lhe puxou para o chão, arrastando consigo a senhora, sem mais nenhuma reacção em redor, talvez, pela apatia geral de voltar á rotina, fui eu que a ajudei, deitei as minhas mãos sobre a mala, não deixando que a gravidade se sobrepusesse ao esforço conjunto, entre mim e a velhota, á união dos humanos, sorrindo, satisfeito, estava em forma, segurando a mala, como que dizendo, se quiseres o Algarve sou eu, por um breve instante serei eu, a velhota sorriu de volta grunhindo qualquer coisa em holandês, em alto e bom som como que eufórica, foi giro.
Ao sair daquele lugar, para a rua, já estava em Roterdão, a temperatura não era tão baixa como a que imaginava que ia estar, os táxis existiam, tal como eu esperava, ainda me lembrava do nome do hotel, chamei o táxi, arrumei as imbambas no porta bagagens, sentei-me no banco de trás, recostando-me, o voo foi cansativo, estou mesmo cansado, preciso muito de dormir pensava para mim, durante a corrida, falei do tempo, do que estava por ali a fazer, no final da corrida, o taxista desejou-me boa estada, que aproveita-se ao máximo.
Era o que eu estava disposto a fazer, mas, naquela altura, naquele momento, só o que precisava, era de uma boa noite de sono, daquelas, em que se revigoram os sabores, as vontades de ver o dia, que se segue.(...)

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