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domingo, novembro 30

Aprendendo a voar

Vou viajar para o Brasil, vou sozinho, como vim ao mundo, despindo-me em camadas de amigos e recordações.

O mar divide a terra que me separa do meu outro ser, é a busca!

Trabalho o meu sentido humano, o meu bem-estar, vou até São Paulo se Deus quiser, encontrar aquilo que espero de coração ser uma família, não A minha, mas minha…

Agora ainda estou por cá, no entretanto vou treinando defeitos vencendo-os a qualidades. A ternura, já sei que não é o meu forte, obrigado por me darem fundamento e espaço para melhorar, obrigado de coração.

quarta-feira, novembro 26

Labirintos de Fauno


- Sem tempo para te dar, com tempo e falta de jeito para o tempo aproveitar, fui andando conforme o ritmo que me foi permitido escolher, em função da experiência de vida, recebi…

- Um momento por favor, descarrego todas minhas expectativas naquela pessoa, que pela sua aparente ausência de estar quase, pensa categórica, carece de foco, vou exigir-lhe a sua atenção, pensa quem pouco pensa, eu sou a luz a tua luz, nossa luz, profere quem pouco explica, tu és a sala fria e escura pronuncia quem a vê todas noites antes de fechar os olhos, a sua razão determina as últimas escolhas que faz.

- A minha chama faz-me querer aguentar e tentar percebê-la, não a compreendo, ou melhor já a tinha compreendido desde o primeiro momento, apenas quis acreditar, julgo que de forma, conscientemente, inconsciente, que talvez fosse algo mais. Respondo que não, não sou o escuro, e tu não és o sol nem o caminho certo para o teu lugar limpo. És menos do que foste ontem, só que hoje julgas depressa de mais, amuas demais, projectas ao mesmo tempo a quem de paciência te escuta.

…Faz-me pensar que quando vemos nos outros, pessoas que ainda não respeitamos nem conhecemos, os seus erros se é que isso existe ou defeitos, dependendo do contexto, talvez, digo e acentuo talvez, porque talvez seja porque nos vejamos ainda convictos que pequenos, sejamos seres superiores e perfeitos senão carentes de… coisa de estimação.

O que é viajar, que significa isso, eu nunca tive essa necessidade profunda, excepto num par de anos em que me vi correr num determinado ritmo de individualismo, que a pouco e pouco se foi esmorecendo, para cá do horizonte fui ficando, sem nunca tocarem os meus dedos essa linha, distante, linhagem síndrome de Peter Pan.

sábado, novembro 15

pedras que brilham, chamam-lhes diamantes


Sentado, com a mesa coberta de jornais que meu pai tem lido, acedi pela primeira vez á Internet neste campo, sinto o campo, o horizonte, a linha do horizonte ao meu lado direito, é delineada, pelo monte vizinho ao nosso, Monte Ribeira de Mures assim se chama o nosso, neste lugar vejo o mundo mais pequeno e aconchegante, contudo tenho os meus livros ainda persisto em estudar, forço o meu olhar sobre as páginas de teorias e formas práticas e pouco dispendiosas de saber as opiniões em pequenas amostras de população.


No entanto a estrela do fim de semana, o caçula, não sou só eu desta feita, não é o campo, desta vez a boa nova, é a cadelinha Diana, a sua chegada proporciona um novo casal no pedaço, é bonita, gordita, fofucha, e já sabe que é menina a caminho de mulher, é um doce para os nossos olhos, ver tamanha fragilidade em evolução, o ar é fresco nesta altura do ano, estes cães não têm frio, eu tremo sem me aperceber com a geada que teima em voltar a cair noite após noite.

Tomei dois cafés para sentir meu corpo respirar, abrirem-se-me os poros e circular o meu sangue, aquece-me o corpo, os dias esses cada vez estão mais curtos, e longe de tudo o que é citadino, tenho sempre pequenas historias quando cá chego, coisas da trivial pacata marcha do dia a dia alentejano.

Queria ter gente que conheço, para partilhar o sossego que me rodeia, sapos que aparecem sem convite, e não são príncipes são sapos mesmo. Raposas que fazem festins de patos alheios durante o breu da calada noite, a lua, é a senhora da casa, não tem como ignorar a sua presença.

Neste lusco-fusco os meus dedos vão se enregelando, e a minha escrita continua quente, soube bem o café, não me soube como em outros lugares, pejados de actividade, deu-me um especial prazer, o amargo doce, e o efeito final, ao meu redor tudo está calmo excepto algumas ovelhas que ainda deambulam á volta do monte, gulosas ficaram para trás do rebanho, num frenesim de azeitonas.

Tenho a Diana a meus pés, lambendo-me a mão esquerda num misto de dentadas, de dentes pequenos e afiados que até me dão arrepios ao mordiscar-me o dedo mindinho, dentro de casa, espera-me o calor da lareira, e um cedo deitar de cama, que aqui até apetece.

São seis horas e toca o sino da Aldeia de Juromenha, a melodia do badalar dos gongues é logo reconhecida por anos de viagens a Fátima em que estive presente com a minha mamã, “ave, ave, ave Maria…” aqui tudo é mais do que se pode pedir, o sono imaculado da pequena cadelinha personifica qualquer emoção que vos queira transmitir, contudo, fica aqui minha tentativa, um dia de cada vez, é mais dia que um outro dia qualquer.

domingo, novembro 9

meu ser que sente


Este fim de semana, fiquei por casa, a troca de sonos ajuda, pude amanhecer com o amanhecer, e passear por faro, pela floresta do Ludo, dali aproveitei andar mais um pouco, criar uma finalidade e fui até à Quinta do Lago, ver um amigo, era cedo de mais, manhã de sábado, sabem como é.

Fazia tempo que não me testava na bicicleta, toquei á porta ninguém respondia, tinha no encalço fisgado um belo copo de água, para me acompanhar com uma bela barra de chocolate, que trazia no bolso do corta-vento, toquei novamente á campainha, a mandei pedras á janela do quarto onde ainda se aconchegava, bati no vidro, nem cão nem nada, àquela hora, vivos só os pássaros, e alguns bifes a jogarem golfe, decidi então por ali comer o farnel, terminei bebendo um pouco de água, da torneira da churrasqueira.

Belo lugar para se acordar tarde ao fim de semana pensei, quando me decidi, a voltar para casa, as minhas pernas tinham bebido do descanso, não o suficiente, mas também não se pode ter tudo.

Desta vez foi duro, sem me aperceber concentrava-me no ritmo forte de pedalar, e perdia tudo o de mais que ali mora, reflecti, abrandei a marcha em sinal de aviso a mim mesmo, fiz um esforço, para apreciar os cheiros frescos que deita a terra pela manhã, visualizar o bem estar dos patos e garças que me ladeavam em grande parte do caminho, não foi fácil, fez-se o que se pode, dadas as condições duras com que me defrontava.

Há quem diga, vá-se lá saber porquê que estes passeios, são lá no fundo, forrado de alguma perversão imagino, um acto de auto flagelo, masoquismo, não sei porque se pensa isso e menos por que dizê-lo a quem como eu lhe dá valor, o valor positivo.

Talvez, se tenham cansado de lutar por serem mais do que somos, mais curiosos, e encontrar respostas ás legitimas perguntas que se nos cria o espírito de ser criança, sagaz, e porque não inteligente, não sei mesmo, não vou por aí.

Pergunto-me, se:
- Ainda me estou a ajudar? Como ver as coisas em perspectiva? Em que eu não seja só eu, sim altruísta, honesto, frontal e verdadeiro com a minha pessoa e condição?

Não se põem de lado assim num estalar de dedos a sensibilidade dos porquês, porque me pesa o rabo… bom sem me querer perder, foi este fim de semana, fiquei comigo, tentei forte, contudo, não me consegui compreender tal como almejava, aproximei-me de mim, do meu ser senti-me mais pequeno, não tanto como aguardava, mas também não sou o mar nem escalei montanhas, para me apequenar, aguardo-me por isso. Eu sou só eu.

Quero ir para o campo onde o que sinto é escassamente o meu pó no ar, o que falo é o meu som que percorre pela esplanada, o que vejo é uma dádiva seja qual for a quimera, e o que como é puro e sem corantes nem conservantes, alimento que se estraga, de parco costume, e apodrece com sol, sem desvios, nem pretextos, o fundamento é existir, como o sobreiro que já ali residia, soube quieto persistir, resistir ás alterações climáticas, sem se esquecer de viver o mesmo que viveu quando ali lhe foi dada a vida sem garantia, nem permuta.

terça-feira, novembro 4

Ventos de Mudança

Jejum de ocupação profissional, escolho a critério, mergulho sem medo, luto contra os que encontro no fundo desse poço, que não me importa se é meio cheio, se está meio vazio, nesse fundo, não me quero demorar, ali, jazem almas que deambulam, ao sabor, de brisas, que navios, robustos navios, velhos navios lutam toda a vida por evitar, arranco um pouco das minhas entranhas, em furiosas discussões, enfrento-me sereno, por que ainda o ouço, ainda me vejo entre os demais, e agradeço-te sempre por me dizeres quem sou, descobrir-me em ti…


Rio-me, no ar quente de excitação despercebida, mal jogada, imatura, em meu quarto, ainda tenho os teus trapos e roupas que deixas-te ficar a meu lado, em meu quarto, toco-lhes com cuidado, quero ser respeitado também, respiro mais devagar, sinto-me mais forte, sorrio por ter-te encontrado, por sem ser de viagem, em porto seguro desembarquei, de longe vieste tu, longe daqui, longe de casa vou, de capitulo em capitulo, esquecendo-me de mim, acreditando enfim que é de coração que se ganha ou se perde, ou se acha, ou se esquece, essa universidade, a maravilha do homem é ter a vida em chama de quente paixão, e claro está um cheiro de aventura, sempre um tanto ou pouco ortodoxa

Esse vento que não vem? O mar, o ar, o fogo, cansam-me as brisas, mas guardo, cultivo-te se me deixares, sempre que me quiseres, eu quero-te mais, se tu vieres eu espero, nada é pra sempre não há historia que aguente, mas o meu coração diz, se tu vieres eu espero, se me quiseres eu quero-te mais, bem mais, bem mais, bem mais…vento de mudança em quem?