Número total de visualizações de páginas

sábado, novembro 15

pedras que brilham, chamam-lhes diamantes


Sentado, com a mesa coberta de jornais que meu pai tem lido, acedi pela primeira vez á Internet neste campo, sinto o campo, o horizonte, a linha do horizonte ao meu lado direito, é delineada, pelo monte vizinho ao nosso, Monte Ribeira de Mures assim se chama o nosso, neste lugar vejo o mundo mais pequeno e aconchegante, contudo tenho os meus livros ainda persisto em estudar, forço o meu olhar sobre as páginas de teorias e formas práticas e pouco dispendiosas de saber as opiniões em pequenas amostras de população.


No entanto a estrela do fim de semana, o caçula, não sou só eu desta feita, não é o campo, desta vez a boa nova, é a cadelinha Diana, a sua chegada proporciona um novo casal no pedaço, é bonita, gordita, fofucha, e já sabe que é menina a caminho de mulher, é um doce para os nossos olhos, ver tamanha fragilidade em evolução, o ar é fresco nesta altura do ano, estes cães não têm frio, eu tremo sem me aperceber com a geada que teima em voltar a cair noite após noite.

Tomei dois cafés para sentir meu corpo respirar, abrirem-se-me os poros e circular o meu sangue, aquece-me o corpo, os dias esses cada vez estão mais curtos, e longe de tudo o que é citadino, tenho sempre pequenas historias quando cá chego, coisas da trivial pacata marcha do dia a dia alentejano.

Queria ter gente que conheço, para partilhar o sossego que me rodeia, sapos que aparecem sem convite, e não são príncipes são sapos mesmo. Raposas que fazem festins de patos alheios durante o breu da calada noite, a lua, é a senhora da casa, não tem como ignorar a sua presença.

Neste lusco-fusco os meus dedos vão se enregelando, e a minha escrita continua quente, soube bem o café, não me soube como em outros lugares, pejados de actividade, deu-me um especial prazer, o amargo doce, e o efeito final, ao meu redor tudo está calmo excepto algumas ovelhas que ainda deambulam á volta do monte, gulosas ficaram para trás do rebanho, num frenesim de azeitonas.

Tenho a Diana a meus pés, lambendo-me a mão esquerda num misto de dentadas, de dentes pequenos e afiados que até me dão arrepios ao mordiscar-me o dedo mindinho, dentro de casa, espera-me o calor da lareira, e um cedo deitar de cama, que aqui até apetece.

São seis horas e toca o sino da Aldeia de Juromenha, a melodia do badalar dos gongues é logo reconhecida por anos de viagens a Fátima em que estive presente com a minha mamã, “ave, ave, ave Maria…” aqui tudo é mais do que se pode pedir, o sono imaculado da pequena cadelinha personifica qualquer emoção que vos queira transmitir, contudo, fica aqui minha tentativa, um dia de cada vez, é mais dia que um outro dia qualquer.

1 comentário:

CANHOTO* disse...

Linda!
Parabéns, Shark:)
Fiquei com ainda mais vontade de visitar o teu refugio Alentejano;)

forte abraço pra ti e uma festa na orelha esquerda da Diana