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terça-feira, agosto 5

4 estações


Escarpas que se deitam, colhendo os frutos que traz o verão, o sol, a energia deste, o ar quente de esperança, de promessa, já confirmada.

...é raro ter-se o que se quer, nestas águas turvas e amaldiçoadas de Adamastor…

Que historias se escondem por detrás de cada olhar teu? O brilho que tanto procuro, será que já o perdi no pêndulo do tempo, do balanço, no equilíbrio que se nos roubam, tal chão regado a azeite – puro alentejano, onde está aquele brilho seria coisa de gente esguia e fútil!?

Um pouco do medo de quem tudo tem – empurro com todas as minhas forças este chão, guardo cada expiração para mim, num esforço tremendo de contenção de fraqueza, não me dói nada, agora seria capaz de repetir esta série, umas sessenta vezes durante uma tarde, sem que se me fosse alterado o estado, do espírito. Ámen.

Em frente procuro essa cadência que transborda de vida, conheço o meu corpo neste sacrifício fácil, justo, aceite pela generalidade, um politicamente correcto.

Encontro-o em breves mas intensos segundos – nada é tão duradouro – realizo, abraço com o olhos vivos de alegria e sustento, analiso o que só eu vejo, o meu ângulo morto, e queimo-o de vida, cuspo as correntes que me prendem, sinto ainda na minha boca o sabor a ferrugem deste ferro que em nada se assemelha á prisão a que muitos me submetem, ou assim tentam…

Claro que gosto de fruta, não me importa, que seja tua, essa característica, o meu gosto é o teu gosto, o meu abraço será o teu, subo, a ladeira, íngreme. Nada de elevador, meio-dia e este sol quente, que calor, (pensa), é tanto (não sou capaz) o calor…

Posso tentar crescer um pouco mais, se fores capaz do que eu era, ainda há não muito tempo atrás, lanço-te o desafio, eu aplicar-me-ei numa nova e difícil missão, nem que para isso viremos as quatro estações.

Encontramo-nos aqui daqui a quatro estações, mesma hora, o mesmo olhar, debaixo do mesmo sol, que tem tanto, que traz tanto calor!