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terça-feira, outubro 2

Certamente II

















Se chovia? Já não me recordo, apenas me lembro que ia a passear distraído como é habitual, numa dessas ruas tentando apreciar as coisas que acontecem todos os dias, ver pessoas, ver caras.

E foi num dia assim, simples e normal, que do nada ela veio ter comigo, era linda, que feições, um anjo na terra, olhos azuis, cabelo comprido, ondulado loiro, o nariz, de quem gosta de aprender, o corpo, que corpo as formas de mulher perfeitas.

Disse-me que gostava de mim, de uma forma abstracta, fiz seiscentos quilómetros só para a poder ver ao perto, de perto, só para a conhecer.

Podia muito bem ser a mulher dos meus sonhos, a mulher da minha vida, lembro-me de quando era mais novo, querer ser o homem de uma mulher assim, que se deixa consumir pelos prazeres da vida, lembro-me bem, e mais vincada se tornava a ideia, á medida que o tempo passava e os nossos braços se tocavam, inocentemente, sem qualquer malícia no pensar, apenas se tocavam, como a chuva toca nas penas de um pardal, o nossos olhares, esses já não eram tão puros, mas também…

Já não somos nenhuns miúdos, ou não, quem sabe, eu senti-me um puto outra vez, tive de me decidir, como se não houvesse mais nada no mundo, que aquelas duas opções:

- Querer o que deve ser querido e almejado, num mundo de consumo e extravagância, de elegância e glamour, ou ir mais longe e compreender o impensável.

… Há apenas uns pares de anos atrás, quem era? O que eu sou, descobri o que eu sou, isso não acontecia se fosse outra a idade, o calo, a dor, de quem precisa de se sentir realmente amado, não sei de onde vinha essa força, talvez da minha infância reguila e determinada em ser puto a todo o custo, mesmo quando queriam que crescesse e fosse já esperto, para dar esperança, o nome da minha mãe, Esperança, mas sei o que descobri, que eu é que sou ingénuo, quase a roçar a estupidez, não dos actos em si, mas do mal que provocam, no período que se segue, como um set de forte ondulação, que sem descanso me abana a estrutura, tal qual um tsunami.

Mas sei que hoje teriam orgulho em mim, os meus, não foi nada de especial, eu sei, mas se somos todos escravos do que precisamos como diz o Jorge Palma, sei do que eu não sou escravo, isso eu sei, gosto de correr ao ar livre, de olhar as pessoas de frente, sejam elas quem forem, de passear de bike na floresta do Ludo, de fazer bifes de vaca ao pequeno-almoço, de olhar os amigos de frente, de dizer o que sinto, por muito que isso nos custe, de saber que o mundo é selvagem por natureza, e que em cada homem, está um responsável, por uma fatia de crença, confiança, amor, de humanidade.

O rir e o chorar, quem o faz sabe do que eu estou a falar, é um dom, nos dias que correm, rir de verdade, sabendo que isso é importante, contar como correu o dia, fetiches sexuais, desgraça, miséria, o mundo somos nós, e isso, essa merda do Iraque, a poluição, o consequente degelo, somos nós, quem mais senão nós, vive-se em época de consciência, por muito que nos custe, os espertos, são os mais parvos, sei que o são, quando me sento a ver o mar, e posso sonhar devagar…

Eu sei que sim, certamente que sim, eu sinto cá dentro, que sim, eu sinto, sim...

6 comentários:

Seamoon disse...

muito forte amigo!muito mesmo!
jinhos

ViráLuaPraLá disse...

Gostei do que escreveste estás mais forte!
Continua a tua busca

Farruskko disse...

um fortissimo abraço

tubarão disse...

seamoon

é forte!

obrigado por gostares;o)

tubarão disse...

Viráluapralá

és bonita, obrigado!

beijinhos

tubarão disse...

Farrusko

eu já te apanho, sacana! ;o)

grande abraço