Chegado do oficio diário, refundo-me no escuro e sem muitas interrogações tomo a minha cervejita gelada a qual tem sido companheira de fim de tarde desde que me tornei colaborador de qualquer corporação aqui, já faz mais de uma ano de Angola.
São trinta e dois anos e qualquer coisa de mim mesmo, cada vez mais eu… o tempo é de cacimbo, não me lembro de estar tão fresco por cá, enquanto digito estas palavras ouço música - Lover, you should've come over, Jeff Buckley - almejo imagens novas de quem me faz lembrar esta canção e perco-me por momentos quando sonho e interpreto as palavras que são cantadas.
Todos somos duas vidas, uma que sonhamos forte quando é só o que temos e gritamos para que não acabe o sonho sem jamais querer acordar, e outra que vivemos com tudo o a que vida tem de pior o lonely or o alone, e o de melhor - abrir as pequenas portas e janelas de quem nos cativa e ama com o olhar, traduz os seus sentimentos mais profundos numa linguagem que entendamos para melhor nos compreendermos, ou para que o espaço se altere e o tempo sustente e aguente esse olhar quente, num outro lugar que muda o nosso centro e tudo o que respira, pulsa e sangra dentro de cada um da gente.
A chuva passa a ser água que mata a sede , a miséria um azar ao qual escapamos e agradecemos ao Senhor no dia do nascimento de Cristo.
Mas de facto estou sozinho quando me tento conectar e aproximar de ti e quanto mais tento mais dói, e quanto mais dói reajo, exausto, para positivamente alcançar essa paz que só me podes dar, mas existem duas vidas uma que sonhamos outra que vivemos - e caio outra vez estatelando-me no chão puxado pela geometria ou matemática inversa e exponencial da paixão que nos engrandece ou nos diminui a ratazanas de curto ciclo de vida e destemidas de impurezas ou canções de alegria.
Sonhar é o que me alimenta quando não consigo que morra, é o que me espicaça quando falho… e me faz tentar outra vez, sempre antes do acordar.
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