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quinta-feira, dezembro 16

eu bem te avisei, menina bonita vai-te fazer...

é estranho, querias a minha… seria devoção, adoração, paixão, atenção, distracção? amor não seria com certeza por que te sinto mal...


procurei usar de mim com ideias sensatas e alguma razoabilidade pois o nosso caso poderia tornar-se apenas mais um caso banal, "dá sopa aos teus.." igual a mais uma noite de fome de comer, assim que guardei-me, guardei os meus sentimentos tanto quanto achei que devia ou conseguiria guardá-los pois, mas não sei ainda se foi tarde ou cedo demais só o futuro reserva complexas respostas a tão simples questões.


acima de tudo nunca te larguei de mim quis sim porque amar é dar para receber que te sentisses livre em mim, é perder para poder reencontrar conheceres-te em mim, descurava e não sabia que te causava loucura ou paixão essa nobre e generosa camaradagem que o querer estar contigo por ti entregue a ti te cegasse, e que assim cega de um desejo que não eu, deslumbrada, crescesse em ti essa vontade por qualquer bicho que não eu que te cheirasse a homem que não eu igual de mim.. doeu mais a ti do que a mim.


depois entreguei-os de bandeja, os meus sentimentos eu que penso dei-os de bandeja, eu que penso não pensei que o que se oferece numa bandeja come-se, comem-nos as pessoas, os bichos, enfim uns animais que é o que somos essencialmente, antes sermos quem somos, uns animais.


no entanto, dói saber que nada te posso pedir, pelo que, o que preciso ou ainda não encontrei, ainda!, não é o que tens para dar, do mesmo modo que outra pessoa que não veja, a quem coitado de si a visão lhe tenha sido negada fruto de acidente ou ordem de cima, pedir-lhe - vem até mim!,


seria de mais pedir-lhe que viesse a mim atravessando mares cortando rios nadando por desertos ou contornando montanhas para se encontrar de mim.. o meu senso escapa-se do bom mergulha no péssimo e torna-se excelente mas dói e essa dor só me dói a mim, para que assim perdure essa tua juventude, espírito de conquista esse teu entusiasmo e gozo que tu trazes no palato ao saborear as carnes que te oferece o tempo num templo insano, enquanto ele o tempo se exalta louco num frenesim a teu favor - nada de mais, quero que dances e cozinhes e ames e te entregues por demais ainda que não a mim.


… pelos prazeres que tem esta vida…, e a vida para ser tem que continuar e cá estaremos para te beber, num copo de cristal porque palavras são só palavras quisera eu que fossem pedras em castelos que são nossos e que assim me fizesse completo num sonho portanto, tomar-te em pequenas goladas amargas no teu líquido ser porque um dia que não este amadurecerás e tornas-te-ás muito mais que alguém quem um dia foste… de valor humano.


mas não hoje, por agora és intragável pelo mal igual a outros já de historia vencida ausentes em mim causaram de mim transtorno marco de transição para um outro planeta - uma vida melhor, rindo-te triste por expores a minha alma até então pura fazer pingar sobrando a vergonha gordurosa apertada pela loucura mistura de suco, qual tinta de pintura a óleo se inspirou e criou em quadro na galeria de exemplos para todo o burgo saber que menina bonita só te faz sofrer!


foi ele quem se fez sofrer - gritava a plebe, não houve quem que o tenha forçado a entrar ali, nela, dentro dela sem fundo nem chão que lhe desse suporte ao doce voar que lhe enchia a paixão… mas a frase "menina bonita vai-te fazer sofrer" no vento ao vento voou e voou e até hoje num dia em que o sol brilhe onde os pássaros cantem num jardim comigo ali a nadar nua à minha frente naquele lago ela me venha a mim beijar… sempre sinto um arrepio em mim, num movimento instintivo olho para a ver chegar, ela vem, serpenteando os arbustos a leve morna brisa com um aviso do vento nos lábios frios sopra:


- o vento diz que parado se quer o amor, sem tempestades ondas ou turbilhão sem ferida nem arranhão ou corte na pele que não cicatriza como tatuagem não morre mas mata lentamente e causa a dor, o vento diz que parado se quer o amor, o vento diz que… o vento diz.. o vento diz.


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